sexta-feira, 10 de abril de 2009

A estranha vocação da RPM-Kinross de cavar túmulos em Paracatu

Paracatu, 9 de abril de 2009

A estranha vocação da RPM-Kinross de cavar túmulos em Paracatu

Por Sergio Ulhoa Dani

Não foi falta de aviso. Avisamos em bom português e também em inglês, a língua que eles entendem. Mas, nem assim eles entenderam. Podiam ter evitado, mas preferiram o enfrentamento. Deram com os burros n'água. Cavaram róprio túmulo.

Dia 16 de março, na tribuna pública da Câmara Municipal de Paracatu, advertimos a mineradora transnacional canadense, RPM-Kinross, que se não retirassem seu pedido de licenciamento da pauta da reunião do COPAM-Conselho de Política Ambiental do estado de Minas Gerais, haveria derramamento de sangue.

Eles tiveram a chance de nos atender, porque usaram a mesma tribuna, na seqüência. Mas, já estavam com o discurso pronto e novamente não nos deram ouvidos, talvez porque achassem que se tratava do nosso sangue, o que seria derramado, como de costume. Novamente, estavam redondamente enganados. A RPM-Kinross parece ter vocação para cavar o próprio túmulo.

Aconteceu que tanto o Ministério Público Estadual, quanto o Ministério Público Federal impediram a votação do pedido de licença de instalação da mineradora no COPAM, por força de liminares de ações cautelares a que um juiz estadual e um juiz federal deram provimento de forma inequívoca e exemplar.

Por um lado, fico preocupado com a infinita insensibilidade dos dirigentes desta mineradora, que os levam a cometer erros de percepção e ação sistematicamente. Se eles não conseguem nem mesmo proteger seu próprio negócio, o que dizer de nós, que estamos sofrendo as influências de suas ações destrutivas em Paracatu?

Por outro lado, ficamos todos muito agradecidos pela valiosa oportunidade que os dirigentes locais da RPM-Kinross nos proporcionaram, de despertar em nós e nos nossos representantes do MPE e do MPF aquela santa fúria, aquelas sagradas consciência, força e coragem que nos guiaram para a mais significativa vitória, desde que começamos a luta em defesa da vida em
Paracatu.
 

-- 
Sergio Ulhoa Dani
Reserva do Acangaú, zona rural
Caixa postal 123
38.600-000 Paracatu MG
Brasil
srgdani@gmail.com
(+55 38) 9913-4457
(+55 38) 9966-7754

--
Serrano Neves
Procurador de Justiça

4 comentários:

  1. Com a paralalização da RPM Kinross,onde seriam o local de trabalho de tantos pais e mães de familia? Será que se pararem com a mineração os orgãos ambientais estariam dispostos a pagar a cada funcionário os mesmos salários que recebem atualmente e também dar emprego a todos? Qual a finalidade deste protesto é questão de saúde publica ou interesse financeiro? Por que tanta revolta para com a empresa que sustenta boa parte da arrecadação do municipio? Será que não temos que nos preocupar em trazer mais empresas para nosso municipio ou devemos expulsar as que aqui estão?

    ResponderExcluir
  2. Com certeza, senhor Anônimo, devemos trazer para a cidade empresas que não poluam o meio-ambiente, não sacudam as casas com bombas e não acabem com as nascentes. A questão é de saúde pública sim, tenha certeza, pois eu e o Dr. Sergio Dani temos carreiras estáveis, ele um cientista internacional e eu em carreira de Estado. Nenhuma cidade no Brasil foi beneficiada com uma atividade mineradora. Este movimento é mundial, não é só em Paracatu. O que existe aqui é falta de respeito pois a mineradora sabe como fazer as coisas de modo correto. Faz isto nos Estados Unidos por pressão popular, e olha que lá a cidade mais próxima da mina está a mais de 200 quilômetros e obrigou a mesma Kinross a fazer a mina subterrânea para não ter poeira. Aqui eles querem fazer o mais barato possível, para ter mais lucro, e deixar um grande lixão contaminado quando fecharem.
    Serrano Neves

    ResponderExcluir
  3. Meu caro Serrano Neves. Primeiro para título de informação, não é empresa que escolhe qual o tipo de exploração será realizado. Essa escolha depende da geologia local. Eu penso, já que o senhor está empenhado em lutar contra a RPM, você tem que se aprofundar mais no assunto, talvez estudar mais sobre geologia/mineralogia/Meio Ambiente e assuntos afins. Sair falando que a RPM é isso, é aquilo, é muito fácil ou melhor ignorância. O fato é que toda mineração gera impactos ambientais significativos, sendo malígnos e também benéficos a comunidade, isso é indiscutível. Imagina se uma empresa como a RPM deixe Paracatu, primeiro a cidade deixará de acarretar dinheiro, e segundo deverá investir maciçamente em segurança pública, porque haverá centenas ou milhares de pessoas desempregadas que uma forma ou de outra terão que levar comida para sua família. Investir sem dinheiro, como?E isso temos um exemplo recente, ou você nao lembra de quando o garimpo foi fechado em Paracatu, e o índice de assaltos a casas subiram assustadoramente. Outro fato que me vem a cabeça, como que pessoas que preocupam com o bem estar das outras, em meio uma crise mundial, onde cada dia os empregos estão mais excassos, querem que uma das principais e importantes fontes economicas do município, possibilitando poder de compra as pessoas, educação, alimentação, moradia,etc, deixe a cidade. Eu acho que que a sua despreocupação deve-se justamente ao cargo que voce ocupa, como voce mesmo disse "uma carreira estável" do estado, e a estabilidade dos empregos diretos e indiretos? O que o senhor acha disso? Apenas quero deixar claro, que podemos lutar sim por um meio ambiente mais saudável, mas podemos discutir soluções científicas e não apenas sair falando aos quatro cantos sem pelo menos se aprofundar no assunto. Existem formas de se aproximar do Desenvolvimento Sustentável, sem prejudicar a comunidade em geral e preservar seus empregos.

    ResponderExcluir
  4. Prezado Anônimo, vejo que você sabe das coisas: Existem formas de se aproximar do Desenvolvimento Sustentável, sem prejudicar a comunidade em geral e preservar seus empregos.
    Ora, ora, é isso que estamos querendo.
    O que não aceitamos é esse discurso de "Mãe de Paracatu", embora aceitemos até o anonimmato.
    Serrano Neves

    ResponderExcluir

Aguardamos seu comentário.